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É um dos experimentos mais famosos da história. Os desenhos são hilários. : ScienceAlert

Oct 31, 2023

A ciência é baseada em evidências concretas, mas, ironicamente, muitas das histórias que contamos sobre cientistas e seus experimentos não são baseadas em muita verdade.

Uma maçã caindo na cabeça de Newton não estimulou repentinamente sua ideia de gravidade; A teoria da evolução de Darwin não se baseava nos bicos dos tentilhões.

E Benjamin Franklin certamente não descobriu a eletricidade segurando uma pipa durante uma tempestade.

Já é difícil imaginar uma grande mente científica em um campo aberto, tentando atrair um raio para uma chave de metal sem qualquer isolamento ou proteção – muito menos uma que colocaria uma criança em perigo também.

Mas é nisso que muitas ilustrações do experimento de Franklin, incluindo a abaixo, querem que você acredite.

Essas imagens não pretendiam ser educativas, mas aparecem extensivamente em livros didáticos, documentários e até mesmo por instituições científicas como a Royal Society de Londres.

O historiador da ciência Breno Arsioli Moura quer esclarecer as coisas.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo e da Universidade Federal do ABC no Brasil, ele analisou sete ilustrações do experimento da pipa de Franklin feitas no século XIX.

As imprecisões são risíveis.

Essas imagens, diz ele, são baseadas principalmente em evidências de segunda mão e apresentam "erros graves em relação à transmissão de eletricidade, ao papel de condutores e isolantes e à proteção do experimentador".

Primeiro, apesar do que você pode se lembrar de ter ouvido na escola, Franklin nunca quis que um raio atingisse sua pipa. Mesmo assim, ele saberia das consequências fatais.

Não, este experimento foi cuidadosamente pensado por Franklin para determinar se "as nuvens que contêm raios são eletrificadas ou não". Os cientistas já conheciam a eletricidade.

Franklin estava apenas tentando provar que havia uma carga elétrica ambiente nas nuvens acima.

Cuidadosamente posicionado sob cobertura, o famoso cientista sugeriu que, se alguém empinasse uma pipa com uma haste de metal durante uma tempestade, a eletricidade no céu poderia viajar pela corda da pipa encharcada de chuva até uma chave de metal anexada.

Um fio de seda separaria a pessoa empinando a pipa da eletricidade. No entanto, ao aproximar o dedo da chave de metal, eles deveriam ser capazes de sentir uma pequena faísca.

O famoso experimento é logicamente correto, mas não se sabe se Franklin realmente o realizou.

O cientista quase não menciona a ideia da pipa em sua autobiografia. Em vez disso, ele fala principalmente sobre o experimento da 'caixa de sentinela', uma ideia semelhante que ele teve que dependia de uma grande haste de metal que se estendia para o céu, conectada a um pequeno condutor elétrico em um abrigo próximo.

"É importante observar duas coisas", explica Moura. "O experimento não deveria ser realizado durante uma tempestade para aproveitar os raios, e a haste não deveria ser aterrada, mas ancorada pelo suporte isolante para que toda a eletricidade extraída fosse armazenada nela."

A única outra fonte para o experimento da pipa é um relatório escrito por um historiador chamado Joseph Priestley em 1767. Nele, Priestley diz que Franklin contou secretamente a seu filho sobre o experimento porque temia que não funcionasse. Aparentemente, o autor obteve "da melhor autoridade" que o filho de Franklin o ajudou a levantar a pipa em junho de 1752.

Segundo Moura, o relato de Priestley parece ser a fonte primária em que se basearam muitas ilustrações posteriores.

Como Priestley mencionou o filho de Franklin, por exemplo, uma criança frequentemente aparece nos desenhos e gravuras, embora, curiosamente, esse garoto pareça muito mais jovem do que 21 anos, a idade do filho de Franklin na época.

Além disso, como Priestley não enfatizou a importância do abrigo em seu relato, quase todas as ilustrações mostram Franklin e seu filho parados em um campo aberto. Apenas uma vez eles são retratados amontoados sob a cobertura de um telhado de palha.